quinta-feira, 5 de abril de 2007

HAITI: CONHECE BEM A DOR E A DELÍCIA DE SER REBELDE...

Em 1804, o Haiti se tornou a primeira nação negra livre da história da humanidade. E seu contexto histórico é ímpar não só na América Latina, onde cooperou para a independência de diversos países como Colômbia, Venezuela etc..., mas sobretudo por trazer consigo uma revolução anti-escravagista e anti-colonialista elaborada e desenvolvida pelos negros que fazem da religião vodu e de sua língua , o kréyol, elemento catalizadores da identidade e resistência populares.

Enquanto brancos e mulatos não passavam de 36 mil pessoas, havia aproximadamente meio milhão de negros, fator, sem dúvida, decisivo para desencadear a luta pela liberdade. Assim, religião e cultura, política e identidade associadas à construção das subjetividades do povo haitiano marcam a trajetória deste país fortemente marcado pelas relações com o universo capitalista, branco e cristão no processo mundial da diáspora, o que faz com que hoje o Haiti seja reduzido ao posto de país mais pobre das Américas, e seus cidadãos ainda se submetam à fome, a doenças e quaisquer tipos de trabalho dentro e fora do país.

No ano do bicentenário da independência haitiana, o então presidente Jean Bertrand Aristide exigiu da França a devolução do valor pago pelo povo haitiano ao governo francês, que defendia os direitos dos senhores que haviam perdido terras e escravos e não relembrava os próprios princípios da Revolução Francesa. Esse montante, corrigido em valores atuais, chega a 20 bilhões de dólares, dinheiro suficiente para reconstruir o país.

Mas, pouco tempo depois, a França se alia aos EUA e Aristide é retirado do Haiti pelas forças armadas estadunidenses. As duas nações pressionam a ONU para comandar uma invasão no Haiti. A MINUSTAH – Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, contou com total apoio da elite haitiana, mas não tardou a ser rechaçada pela população que viu os capacetes azuis se somarem às atrocidades de grupos paramilitares e engrossarem os números de extermínios em comunidades miseráveis.

O Brasil em negociações com a ONU, aceita se tornar agente apaziguador desta ação e o governo envia 1200 soldados, num ato marcado pela presença solene da seleção brasileira de futebol. Um processo que implica a sedução e sedição do povo haitiano e que não pode ser ignorado, pois somos povos irmanados pelo mesmo contingente humano, pelas mesmas heranças africanas e diversos traços culturais.

O Haiti necessita ser reconhecido como nação soberana, necessita do resgate financeiro dos países que lucraram e ainda lucram com suas desgraças humanas, sociais e ambientais. Necessita ser ouvido e respeitado.

Prof. Adílson José Gonçalves
(Departamento de História da PUC-SP)
João Cairo
(aluno de graduação em História na PUC-SP)
Paula Skromov
(produtora cultural e pesquisadora do Comitê Pró-Haiti Brasil)

2 comentários:

Runnerdave disse...

Muy buen trabajo Paula, esta muy bonito el "lienzo" del arte haitiano.

Me encantaría escribir en portugués pero no lo practico mucho aquí en Australia y al menos es mejor postear en español que en inglés.

Mucho éxito con este proyecto y todos los que emprendas Paula.

Se te extraña desde el otro lado del mundo.

David

Unknown disse...

Parbe´ns por ter criado o blog. Fazia faltã.
Lúcia