segunda-feira, 16 de julho de 2007

PUERTO PRÍNCIPE MIO




Documentário cubano sobre a realidade do Haiti


Nas palavras do realizador Rigoberto López Pego: “a realização de Puerto Príncipe Mio foi uma experiência singular e humana muito intensa e singular, para mim transcendente!” em declaração ao jornal cubano Granma.

O documentário realizado em 2000, visita o espaço urbano devastado de Porto Príncipe, capital do Haiti, e o riquíssimo legado cultural do Caribe, as matrizes culturais que unem a África às Américas. Falado em creole, língua haitiana que nasceu da fusão de línguas africanas como bantu, ioruba, entre outras com o francês, espanhol e inglês.

Puerto Príncipe Mio revela ao longo de seus 57 minutos uma cidade caótica, empobrecida ao extremo e que devora a si mesma, incluindo o meio-ambiente que a cerca, tamanha miséria de recursos. O filme só aprofundou a ligação do cubano com o Haiti, terra conhecida por relatos históricos e narrativas de escritores como o cubano Alejo Carpentier e o poeta Nicolas Guillen.

Nesse filme ficam claras as possibilidades do gênero documental dentro do conceito de mostrar ao mundo, de servir a um propósito maior e instigar perguntas. Não importa se o formato é vídeo ou celulóide, a realidade e a complexidade da vida haitiana transbordam os limites da palavra em uma história real bem contada.

Mas Rigoberto quer mais... agora prepara um projeto para rodar um longa-metragem de ficção no Haiti sobre um dos líderes populares haitianos: Henri Christophe. Em entrevista ao jornal cubano La Jiribilla, Rigoberto fala sobre o líder: “El Fantasma de Henri Christophe terá filmado em formato digital e terá como cenários as cidades de Citadelle e Sans Souci, fortaleza erguida por Christophe para que o povo haitiano nunca voltasse à escravidão e defendesse a sociedade tão sonhada contra invasões dos conquistadores!”.

Rigoberto López transita solenemente no mosaico cultural caribenho, por isso é possível entender, ainda que haja uma distância geográfica e por vezes cultural, a dimensão da tragédia humana que se instaurou no Haiti desde seu nascimento como nação: aliás a primeira nação negra livre do mundo e segundo país de toda a América a se livrar do poderio colonial em 1804 na revolução popular mais importante, e tão injustamente desconhecida, de todo Caribe e América Latina.

Como cineasta, Rigoberto sempre esteve ligado aos direitos humanos. Aliás é dele também o principal projeto de cinema da região: a Mostra Itinerante de Cinema e Vídeo do Caribe com apoio do ICAIC – Instituto Cubano de Artes e Indústria Cinematográficas – e Unesco.

Cuba e Haiti têm muito em comum, além de estarem próximos os países sofrem históricos embargos econômicos, o que parece inspirar ainda mais o diretor que declarou ao La Jiribilla: “Sinto que entre Cuba e Haiti, há uma espécie de alma compartilhada, a inspiração de um canto com duas vozes”.

Carta ao Povo do Haiti




“Nenhum povo pode ser livre se oprime outro povo.”


Mais uma vez, o Haiti está sendo ocupado, agora, por tropas latino-americanas. São países oprimidos oprimindo um povo ainda mais oprimido.

Debaixo do falso manto da defesa da democracia, impõe-se a opressão, a exploração, a miséria, manchando o solo de vosso país com sangue de vosasa gente.

Na realidade, uma intervenção que fere a soberania de vosso povo, permitindo ao imperialismo explorá-lo ainda mais e transformar o território haitiano em uma plataforma de exportação dos produtos das empresas multinacionais.

O governo brasileiro de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA detém o comando das tropas militares neste território, cumprindo assim um nefasto papel de agente do imperialismo opressor. Os trabalhadores e o povo brasileiro não respondem por este crime.

Ao contrário, ao heróico povo haitiano, que protagonizou a primeira e única revolução de escravos vitoriosa, a primeira nação a conquistar a independência na América Latina, que com bravura enfrentou tantas ditaduras em sua História e que acolheu Simon Bolívar fortalecendo seus ideais de liberdade, queremos dizer que:

Estaremos juntos na luta pela desocupação do vosso território e seremos mais que solidários, pois somos parte de uma mesma luta.
Embora à distância, travamos uma única batalha contra a colonização
imperialista. Acreditamos, como Sandino, que Liberdade não se pede, se conquista...

Nós, que assinamos esta carta, estamos no teatro de operações, somos parte
deste cenário. Partilhamos as angústias e os sofrimentos do vosso povo e também nos somamos na trincheira da resistência, da busca da autodeterminação de nossos povos.

Sonhamos o mesmo sonho de liberdade. A vossa luta é a nossa luta, a vossa vitória é a nossa vitória, a liberdade de um povo é motivo de júbilo em toda a humanidade.


Pela imediata retirada das tropas brasileiras e de outros países do Haiti.
Pela autodeterminação do povo haitiano


(redigida pelo ConLutas)

terça-feira, 10 de julho de 2007

Dados da invasão militar do Haiti

1.Estão acampados no Haiti, desde julho de 2004, nada menos do que 9.500 soldados, oriundos de 35 paises de todo mundo.

2.Destes a maior força é do BRASIL com 1.600 soldados. O exercito brasileiro está instalado nas antigas dependencias da Universidade Publica do Haiti, e por isso o numero de estudantes e de aulas, se reduziu a um terço de antes da ocupação, pois os soldados ocupam nstalações, predios, campos, etc

3. O estado maior das forças de ocupação é dirigido por 24 comandantes, coordenados por um general brasileiro. E dos 24, um é brasileiro, um uruguai e os outros 22 são todos de forças de invasão de paises do hemisferio norte.

4. O custo das tropas no haiti é de 500 milhões de dolares por ano.

5. Não há nenhuma obra social ou de infraestrutura economica sendo desenvolvida por eles.

6. Há muitas denuncias de abusos de soldados, de prepotencia, de abuso sexual, já que nenhuma lei do Haiti afeta as tropas de ocupação.

7. Por outro lado, estão no país, em revezamento, desde 2001, mais de 800 médicos cubanos, trabalhando de forma solidária, nos bairros populares e no interior do pais, dando atençao medica ao povo do Haiti.

Fonte: Jubileu sur/ escritorio em Port-Principe julho 07