

Suíça, Jean-Claude Duvalier, também conhecido como Baby Doc, reinvindicou aos bancos suíços seu "direito" em sacar os mais de 7,1 milhões de dólares adquiridos por sua família desde a ascenção de seu pai, o sangüinário ditador François Duvalier, o Papa Doc.
Entidades civis e redes de solidariedade internacional defendem não só o bloqueio para Baby Doc, mas a devolução desse montante aos cofres públicos do Haiti, já que esse dinheiro é fruto de anos de roubos, saques, abuso de poder e exploração contra o povo haitiano.
Segundo autoridades suíças, os bancos esperam provas mais concretas da origem ilegal do dinheiro. Não se pode mesmo esperar muito de um país que ganha milhões com lavagem de dinheiro vindo de todas as partes do mundo. Mas se para eles, tudo o que importa são cifras, ainda assim, ficará difícil de disponibilizar a quantia para Baby Doc, já que a pressão internacional faz com que a Suíça recue. Muito embora, essas mesmas autoridades tão notoriamente neutras tenham feito o estapafúrdio comentário sobre não ter provas suficientes que incriminassem o ex-ditador.
Para o historiador haitiano Michel Soukar, que concluiu recentemente um estudo sobre as operações ilícitas da ditadura no Haiti, há ligações da ditadura com a máfia nova-iorquina e contratos com empresários estrangeiros que liquidaram de vez as reservas do país em prol da família Duvalier e de seus asseclas.
A ditadura no Haiti perdurou 29 anos, foram incontáveis os abusos aos direitos humanos, assassinatos, perseguições e torturas indiscriminados. E durante esse mesmo período, mais de 45% da dívida externa do país foi contraída, ou seja, houve declaradamente um saque das riquezas nacionais.
O Escritório das Nações Unidas sobre Crime e Drogas estima que cerca de 2 bilhões de dólares provenientes de fundos públicos foram roubados. Segundo Paul Seger, representante dos órgãos suíços, em entrevista à Reuters, existe a intenção de se fazer um acordo para devolução do dinheiro: "O acordo preverá que a maior parte do dinheiro seja usada em projetos de natureza humanitária e social no Haiti", disse Seger, mas sem especificar quanto será devolvido.
A Suíça não quer sair perdendo, afinal nos últimos 20 anos para manter sua fachada mais ou menos limpa, viu-se obrigada a devolver quase 1,3 bilhão de dólares que haviam sido depositados pelo ex-ditador filipino Ferdinand Marcos, pelo ex-chefe de espionagem do Peru Vladimiro Montesinos e pelo general nigeriano Sani Abacha, ex-presidente. O que dirá a fortuna de Papa e Baby Doc?
Nos últimos 20 anos, a Suíça devolveu quase 1,3 bilhão de dólares que haviam sido depositados no país pelo ex-ditador filipino Ferdinand Marcos, pelo ex-chefe de espionagem do Peru Vladimiro Montesinos e pelo general nigeriano Sani Abacha, ex-presidente.
A dívida externa do Haiti é de 1,3 bilhões de dólares, dinheiro injustamente cobrado do país que carrega um dos mais tristes índices de analfabetismo do mundo: cerca de 45 a 50% de sua população (segundo dados recolhidos por observadores de direitos humanos, ONGs, ONU, Exército, já que no Haiti não há Censo Demográfico por falta de infra-estrutura mínima). A renda anual haitiana é a mais baixa do hemisfério ocidental: Us$500 per capita. E os índices de mortalidade materna e infantil são de 527 em cada 100.000 habitantes, e estão entre os mais elevados do mundo.
Tomando em conta que a população do Haiti seja composta por aproximadamente 6 milhões, esses números detectam a situação alarmante do país, onde taxas de mortalidade tendem a evoluir e de natalidade só decaem. Tanta penúria é reflexo de uma série políticas internacionais que condenaram a pequena nação caribenha ao pior dos sentimentos: indiferença.
Juristas argumentam que países pobres, especialmente onde as instituições foram devastadas por guerras e turbulências, precisam de assistência jurídica para recuperar dinheiro enviado ao exterior por líderes corruptos. Enquanto a Suíça defende uma implementação global mais rápida da convenção anticorrupção da ONU, que obriga os países a devolverem bens acumulados ilegalmente e o Haiti morre um pouco mais a cada dia.
Para consultar o que a imprensa brasileira tem a dizer, acesse:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/05/29/ult34u181915.jhtm
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1545478-5602,00.html
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