domingo, 17 de junho de 2007

Evento sobre o Haiti

Quero relatar aqui brevemente como foi o evento no Colégio Stockler.

Chamado Projeto Resgate /Simpósio sobre a América Latina, o evento contou,desde a sua abertura, com a presença de historiadores, ativistas sociais, jornalistas, artistas plásticos e músicos, gente idealista e alunos interessados. Como vocês já sabem, está acontecendo desde o dia 13 e irá até o dia 16 de junho, no Colégio Stockler, no Brooklin.

Fomos convidados para falar no dia 14 e o Comitê dividiu a mesa e o tempo de fala com o José Arbex Júnior, editor da Caros Amigos, jornalista e professor, e Maurício Eráclito Monteiro Filho, ex-professor, jornalista, repórter e fotógrafo da ONG Repórter Brasil

Esta é uma escola que trabalha com poucos alunos, mas que busca prepará-los de fato, despertá-los para o mundo e sua realidade, ainda que brutal. E sempre é bom deixar claro que tais iniciativas sempre partem de professores com uma visão mais ampla e, neste caso, estamos falando do Professor Eduardo Montechi Valladares - quem nos convidou também.



O Comitê foi convidado a participar para falar sobre o Haiti. Fui eu a palestrante. Como foi estabelecido que o tempo de fala seria curto para que os alunos tivessem possibilidade de expressar-se - e todos os oradores concordaram -, a minha fala se prendeu a relevantes fatos históricos do país do passado e presente; breves dados estatísticos sobre o país e população, além das condições atuais de vida dos haitianos. A mesa apresentou o Projeto da Vaca de Leite para o Haiti e eu pude reforçá-lo, apresentando um ou outro detalhe.

Percebia-se na platéia professores, alunos, corpo administrativo e convidados deveras sensibilizados com o papel deste nosso comitê e os demais palestrantes fizeram questão de se posicionar ao lado das principais propostas que levamos, ou sejam:
1ª - Nossa inabalável posição contra as "tropas de paz" da ONU
2º - A cartas a serem assinadas exigindo que o Haiti receba de volta o dinheiro que pagou pela independência (com juros e correção), e exigndo que a ONU repasse o dinheiro arrecadado da comunidade internacional para a reconstrução do país

3º - O projeto de leite na comunidade de Pilate, na parte norte do país

José Arbex, o jornalista, lembrava a cada momento o quanto este país foi e está sendo castigado e pagando o preço pela sua insurgência. O professor Maurício a cada momento retomava o tema Haiti, dando força ao Comitê e à causa que abraçamos, sinalizando críticas bem construídas acerca da relação etanol- Haiti-trabalho escravo (antigo e moderno).

Aliás, quero agradecer aqui aos dois oradores pelo fato de terem usado muito do tempo de suas palestras com o Haiti. Ajudaram a explorar o tema, não porque é atual, e sim porque têm a consciência de que falar sobre América Latina hoje ou ontem sempre passa pelo Haiti.

Arbex colocou a questão de que América Latina foi um nome cunhado pela França de Napoleão III, para justificar o domínio num subcontinente e em função da disputa imperialista pela região, sobretudo entre França e EUA.

Maurício, ao discutir a questão do tarablaho na América Latina, fez ver que é preciso entender que uma ajuda internacional ao Haiti tem a ver com a solidariedade e criação de empregos e não com armas.

Os alunos fizeram três perguntas bastante interessantes: Qual a solução para o Haiti? Como é a questão da emigração? e, por fim, como funciona o Comitê?

Foram respondidas e novamente o Arbex e o Maurício colaboraram retomando o tema Haiti, nos momentos em que responderam a questões e se despediram do público presente..

Foi dada a idéia de os alunos colaborarem com a compra de um quadro. Passaram o chapéu literalmente e um quadro foi sorteado. Daí, vem a parte cômica. Para efeito do sorteio, resolvi que teria que ser uma data histórica do Haiti. Ninguém da platéia havia nascido naquelas datas.

Passei, em seguida, por sugestão do Arbex, a utilizar datas nacionais brasileiras e também não resultou nenhum sorteado - o que arrancou um comentário divertido do Arbex: "Ninguém de vocês nasceu ?

Por fim, a platéia decidiu oferecer o quadro à escola. Mas o diretor, Agostinho,bastante culto e amante das artes, comprou um quadro e o ofereceu ao Maurício por ter sido professor desta escola por algum tempo e que se afastou para trabalhar em uma Ong de jornalistas que realizam um trabalho de peso investigando o trabalho e sua aplicação no Brasil.

Enfim, só tenho a agradecer a oportunidade que nos foi concedida pela escola através do Professor Eduardo Montechi Valladares, porque pudemos colocar o Haiti em pauta. Agradeço aos amigos de mesa e palestra e de luta: Arbex e Maurício pela força, pelo alinhamento e, sobretudo, por participarem do universo da solidariedade. Também a todos do Comitê pela força que têm tido de levar adiante essa luta - que não é pequena - e revelado ao mundo que nos ouve quais são os nossos propósitos. Obrigada a todos que colaboraram à sua maneira e aos que nos deram força para seguir brigando para que este país não seja esquecido e abandonado à sua sorte.
Obrigada a todos vocês por me escutarem e lerem estas palavras.

Lúcia Skromov

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